30/04/2021 | Ed_Antes, Edição AR108

Otimismo renovado

Redação Agrimotor

Redação Agrimotor

Escaldado e, por conta disso, mais bem preparado para vencer desafios, o agronegócio brasileiro continua firme na trilha das boas perspectivas.

Diversificação de fontes de capital, encurtamento da cadeia de valor e consolidação de empresas. Essas foram as principais mudanças sofridas pela indústria com a implantação do lockdown, imposto pelo governo para tentar diminuir a disseminação da pandemia da COVID-19 no país, que já completou mais de um ano.

Marcus Frediani

A pandemia do novo coronavírus trouxe mudanças no ambiente de negócios do setor no Brasil e no mundo. A busca pela segurança alimentar em um contexto de baixos estoques globais para uma série de commodities agrícolas em importantes importadores acelerou as exportações do agronegócio do país, cuja competitividade foi ampliada com a expressiva desvalorização cambial observada ao longo da pandemia.

De acordo com a KPMG – rede global de firmas independentes que prestam serviços profissionais de Audit, Tax e Advisory, presente em 154 países –, o setor registrou exportações recordes em 2020 e foi responsável por 48% das receitas de exportação do Brasil no ano, aumentando a participação da China nas vendas para 34%, versus 32% em 2019. A forte demanda global impulsionou as cotações em dólar de muitas commodities agrícolas, o que, somado a desvalorização cambial, se traduziu em preços extremamente remuneradores para os produtores no Brasil. O agronegócio fechou com um aumento de renda da ordem de 24% em 2020, com PIB de R$ 1,98 trilhões, sendo de 57% o aumento de renda registrado na agropecuária.

“Esse ambiente de negócios favorável ao agronegócio no Brasil acelerou algumas tendências que estavam em curso, entre as quais, a diversificação de fontes de capital, a consolidação de empresas em diferentes elos da cadeia agroalimentar e encurtamento da cadeia de valor. Para financiar o crescimento, muitas empresas buscaram alternativas no mercado de capitais, através da emissão de dívida, em operações estruturadas de CRA e CRI, e, também, por meio de equity, via IPOs”, explica Giovana Araújo, sócia do setor de Agronegócio da KPMG.

Ainda segundo a executiva, a forte geração de caixa operacional permitiu que alguns grupos acelerassem estratégias de aquisição e consolidação do mercado, com destaque para as transações observados no segmento de produção de grãos, no segmento de distribuição de insumos e no segmento de Açúcar & Etanol. “Algumas indústrias de produção de insumos avançaram em direção a vendas diretas para produtores finais, investindo em centros de distribuição e lojas físicas, assim como, em canais digitais. E o movimento de encurtamento da cadeia também foi observado com produtores investindo na produção de fertilizantes”, sublinha.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Embora plasmando toda uma série de desafios operacionais para a maior parte das empresas do agronegócio – desde aqueles relacionados à colheita até os de venda de produtos no mercado interno e externo, especialmente agudizados nos períodos mais duros de lockdown, impostos pelo governo para tentar diminuir a disseminação da pandemia da COVID-19 no país –, fato é que estes foram sendo gradativa e eficientemente vencidos ao longo do tempo pelos players de toda a cadeia do setor. E talvez o lado positivo dessa história é que tais reptos aceleraram e tornaram imperativo o aperfeiçoamento dos processos das empresas por meio do crescente uso da tecnologia, notadamente daquela voltada à automação e à transformação digital dos negócios. Ato contínuo, a busca por tais ferramentas aumentou exponencialmente entre elas, equiparando à demanda por inovação.

E, ao contrário do que muita gente pensa, a agricultura digital não é, absolutamente, algo “novo” no Brasil, e, sim, uma realidade que vem sendo construída de forma consistente por aqui ao longo das últimas duas décadas. E, o que é melhor, em ritmo de desenvolvimento e aperfeiçoamento constante, que já a alçaram a um estágio significativamente avançado.

“Atualmente, temos uma série de ferramentas digitais que processam dados e dão suporte aos produtores nas decisões agronômicas, com benefícios comprovados para a produtividade e redução de custos. E novas e mais sofisticadas ferramentas digitais em desenvolvimento impulsionarão contínua eficiência no negócio agrícola, embora ainda existam gargalos para a ampliação do uso de tecnologias no campo, como é o caso da conectividade, que ainda é limitada”, pontua Giovana Araújo.

FUTURO PROMISSOR
Tendo em vista que com a chegada da vacina, e com a manutenção dos índices de confiança do agronegócio em patamares elevados, catapultando em direção a horizontes mais promissores a expectativa (ainda cautelosa e desafiadora, é verdade) de retomada da economia no período pós-pandemia, o sentimento do setor, vislumbrado através do prisma de análise da KPMG, revela-se bastante otimista. E sinais não faltam para isso.

“As perspectivas continuam positivas para o agronegócio brasileiro no curto e no médio prazos. A demanda da China e dos demais países asiáticos por produtos brasileiros, particularmente pelos grãos, deve continuar forte, sinalizando para contínuo crescimento das exportações do país. Portanto, o desafio do agronegócio brasileiro é de continuar crescendo, preservando rentabilidade, gerando sustentabilidade, e criando novos paradigmas de confiança com os consumidores, em um ambiente cada vez mais rigoroso em relação aos aspectos socioambientais e de governança”, destaca Giovana, da KPMG.

Segundo ela também, há luz no fim do túnel quando o assunto é o apetite do mercado financeiro pelo agronegócio brasileiro. “Ele cresceu com a pandemia, enquanto o setor mostrou, mais uma vez, a sua resiliência a crises, com sua forte vocação exportadora. Esse apetite pode ser observado tanto pelo desempenho de IPOs recentemente já realizadas por empresas do segmento quanto pela fila de outras caminhando na mesma direção. Com certeza, a participação de empresas do setor listadas em bolsa deve crescer substancialmente nos próximos anos”, registra a sócia do setor de Agronegócio da KPMG.

Redação Agrimotor

Redação Agrimotor

Há mais de 15 anos a revista Agrimotor apresenta os assuntos mais recentes do setor do Agronegócio nacional.
Abrir chat
precisa de ajuda?
Olá como posso te ajudar?