Houve um determinado período no Brasil no qual esses dois vocábulos não podiam ser pronunciados juntos, pois eram como água e óleo. Não havia jeito de se misturarem. No entanto, na década passada, passamos vários anos discutindo essa relação, com pressões políticas, idas e vindas a Brasília, reuniões, workshops, que geraram avanços e recuos de ambas as partes, até que se conseguiu após muitas horas de discussão a aprovação de Código Florestal Brasileiro que acabou sendo um dos mais bem elaborados Códigos Florestais do planeta.
Com ele, foram estabelecidas várias medidas para preservar e/ou restaurar o meio ambiente, ao mesmo tempo em que se criou condições para recuperar áreas degradadas e, principalmente, manter intactos alguns biomas fundamentais para o crescimento e, ao mesmo tempo, permitir que o homem do campo pudesse manter o seu negócio. Afinal, chegou-se à conclusão de que sem a preservação do meio ambiente não seria possível continuarmos desenvolvendo o agronegócio.
Demos largos passos com ideias novas como a criação das Áreas de Preservação Permanente (APPs), a reconstrução das matas ciliares que circundam as fontes de água e que estivessem fora dos padrões mínimos exigidos no código, entre várias outras medidas. No entanto, há ainda muito a ser feito. E um dos problemas mais evidentes é a falta de fiscalização. Não há recursos hoje em dia para que, em um país-continente como o Brasil, consiga-se cuidar de tudo isso. Se não contarmos com auxílio de tecnologia de ponta, tais como aquelas que utilizam imagens de satélite e comunicação permanente entre os interessados, não iremos avançar. A participação e a colaboração de todos é fundamental no processo.
Mas tudo isso e mais um pouco é objeto da matéria de capa desta edição da Revista AgriMotor, na qual falamos com uma das maiores autoridades no assunto, que diz acreditar, sim, que é possível a perfeita comunhão entre os interesses dos dois lados, desde que, é claro, algumas lições de casa sejam feitas.
Em nossas páginas, nossos leitores encontrarão também várias reportagens para colocá-los a par de tudo que é importante no setor. Por exemplo, a Agricultura de Baixo Carbono, implantada há cerca de dez anos no Brasil, é uma das mais valiosas lições dadas ao mundo moderno de como conjugar agricultura com sustentabilidade. Mais uma vez, os conflitos do campo são abordados em uma matéria sobre arbitragem. Tratamos ainda nesta edição da Segurança Alimentar, cujo dia mundial foi comemorado neste mês de junho. No Brasil, ao contrário do que acontece em outros países, o que não falta são alimentos, mas, sim, renda, situação que, aliás, foi agravada com a pandemia ainda reinante.
Acerca do tema, vale lembrar que, segundo previsões da Food and Agriculture Organization (FAO) – braço político da ONU voltado para a agricultura e alimentação –, até o ano 2050 haverá um crescimento de 47% na demanda mundial por alimentos, sendo o Brasil o principal produtor mundial destes. Por conta disso, apresentamos um trabalho realizados por um dos principais estudiosos do assunto ligado a Embrapa, sobre os caminhos da irrigação para aumentar nossa produtividade, sem a necessidade de expansão de área plantada.
E, falando ainda do futuro, trazemos também o balanço e as perspectivas do agronegócio brasileiro, com a boa notícia que acaba de ser divulgada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), dando conta da incrementação dos valores destinados ao Plano Safra 21/22, que, por certo, nos aportará novos recordes de produtividade. Além de tudo isso, chamamos sua atenção para a atenta leitura da coleção de notícias envolvendo energia, exportações e outros assuntos, para que vocês, nossos leitores, se mantenham informados e atualizados sobre as últimas novidades do setor.
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Boa leitura!
Henrique Isliker Pátria
Editor-chefe
