O pesquisador da Secretaria que atua na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Hélio Minoru Takada, diz que produtores de arroz do Vale do Paraíba identificaram, no começo do ano, o aparecimento da cigarrinha-do-arroz (Tagosodes orizicolus) na região. Também chamada de sogata ou delfacídeo-do-arroz, a cigarrinha é conhecida por causar danos às plantações de países como Venezuela, Colômbia e Cuba.
Conforme informa o pesquisador da APTA, as cigarrinhas medem de 3 a 4 mm e, pela literatura, completam o ciclo de vida em torno de 20 dias. A praga afeta a planta de duas maneiras: “ela não apenas suga a planta (nas folhas e talos), como libera uma toxina que amarela e prejudica seu desenvolvimento, refletindo na formação dos grãos”, observa. Apesar de não haver estudos definitivos, Minoru estima que as perdas de produtividade possam chegar a até 70%.
Tendo obtido a confirmação de que a praga é, efetivamente, a cigarrinha-do-arroz, a equipe da APTA e da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) tratou de dar início a pesquisas visando o controle das infestações. “Foi sugerido o tratamento químico e montamos experimentos de campo para testar o potencial de inseticidas”, coloca, afirmando que os resultados estão sendo avaliados. “Está sendo pesquisado também o uso de fungos entomopatogênicos para controle do inseto, junto ao Instituto Biológico (IB-APTA)”, acrescenta.
De acordo com o especialista, as cigarrinhas não costumavam ser um problema na cultura, pois há um complexo de inimigos naturais, especialmente aranhas, que regulam a população da praga na lavoura. Temperaturas mais altas, aliadas a uma possível diminuição desses predadores, e a utilização de alguns compostos químicos podem estar relacionadas à expansão do inseto no país. Hipóteses, estas, que precisam ser investigadas, assegura Minoru.
“As cigarrinhas não gostam de tempo seco porque ovipositam e se estabelecem rentes à água”, conta Rodolfo Kodel, presidente da Cooperativa de Produtores de Arroz do Vale do Paraíba (Copavalpa), que explica que o maior problema é não existir até o momento um controle efetivo, pois o que mataria a cigarrinha mata também os inimigos naturais.
A região também conta com o plantio de arrozes especiais, como o vermelho, o preto, o arbóreo, entre outras variedades, as quais foram desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), e que, até o momento, não sofreram o ataque das cigarrinhas.
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP