
O plantio direto na agricultura brasileira foi tema do artigo científico “No-tillage system: a genuine brazilian technology that meets current global demands”, recentemente publicado na prestigiada revista “Advances in Agronomy, que pode ser visto no endereço: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0065211325000367?via%3Dihub. Nesta técnica, o Paraná teve protagonismo não apenas em seu uso de semear sem revolver o solo, mas também na construção de um modelo conceitual e na consolidação de um sistema integrado de práticas agrícolas que hoje é referência mundial.
Em 1971, o produtor Herbert Bartz, de Rolândia, recorreu antigo Ipeame (Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária Meridional), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e antecessor da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), para obter informações sobre os estudos da instituição com plantio direto voltado à conservação do solo. Ele também conheceu experiências práticas nos Estados Unidos, onde a técnica da semeadura direta já vinha sendo adotada havia alguns anos. No ano seguinte, 1972, Bartz fez a primeira semeadura direta de soja comercial que se tem notícia na América Latina.
A partir de 1976, os pesquisadores do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), atual IDR-Paraná, criado em 1972, passaram a utilizar a expressão “Sistema Plantio Direto”, ou simplesmente SPD, para abarcar a complexidade e a integração das práticas envolvidas na nova abordagem. Mais do que um nome, tratava-se de uma mudança conceitual, possível após anos de estudos – envolvendo fertilidade do solo, fitotecnia, mecanização agrícola e controle biológico – que embasaram uma proposta de manejo completa, capaz de ampliar os ganhos agronômicos, econômicos e ambientais.
De uma área inicial de 200 hectares em 1972, o plantio direto se expandiu rapidamente. Na safra 1975/76, cerca de 200 produtores já haviam adotado a prática em diferentes regiões do Paraná. A partir dos anos 1980, a abordagem chegou aos estados do Sul e do Centro-Oeste. A consolidação nacional veio na década de 1990, impulsionada pela mecanização e a disponibilidade de herbicidas apropriados. Segundo o Censo Agropecuário de 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 33 milhões de hectares eram cultivados sob esse sistema, o equivalente a 62% da área destinada à produção de grãos. Estimativas mais recentes apontam que esse número já ultrapassa os 41 milhões de hectares.
Fonte: Governo do Paraná